Durante as duas semanas da COP28 em Dubai, a ICC Brasil participou ativamente do debate na Conferência. Inaugurando os painéis da organização durante a COP28, no dia 05 de dezembro, foi realizado o painel “Building an ETS: Global insights for Brazil in the Road to 2050”. Para conversar sobre a importância de um sistema de comércio de emissões brasileiro como um mecanismo de transição para uma economia de baixo carbono, reunimos os especialistas Felipe Bittencourt, Felipe Salgado, Pedro Venzon e Wendy Miles KC.
A grande conclusão é que este é um dos mecanismos da política climática e que a demora no avanço desse mercado pode fazer com que o Brasil perca as oportunidades que ele pode gerar – além da redução das emissões. Moderados pela Diretora-Executiva da ICC Brasil, Gabriella Dorlhiac, os convidados também destacaram a importância da confiança nos mercados de carbono como um dos caminhos para a transição. Assim, ainda que não tenhamos todas as respostas para uma economia net zero, o investimento em P&D e a incorporação das NDCs em políticas climáticas mais amplas foram considerados passos cruciais para essa jornada rumo à descarbonização.
Pensando no papel inovador dos biocréditos para endereçar esses desafios, a ICC Brasil realizou também, no dia 06 de dezembro, o painel “Unveiling Biocredits as a Cutting-Edge Approach to Mitigation”. Essa discussão contou com as perspectivas de Erin Leitheiser, Associate Director, Nature & Climate da BSR, Keyvan Macedo, Diretor de Sustentabilidade da Natura & Co e Vice Chair da Comissão Global de Meio Ambiente e Energia da ICC, e com a moderação de Mariana Barbosa, Diretora Jurídica e de Relações Institucionais da Regreen.
Os especialistas pontuaram uma diferença crucial entre créditos de carbono e créditos de biodiversidade: a natureza global quando se fala em créditos de carbono, comparado ao aspecto essencialmente local quando se trata de biodiversidade. A conversa também abordou a complexidade de mensurar o impacto dos biocréditos, considerando diversos aspectos, incluindo sua dimensão social. Nessa discussão, que deve ganhar corpo nos próximos anos, também foi ressaltada a necessidade de padronização e desenvolvimento de capacidade técnica em biodiversidade. Além disso, Erin e Keyvan destacaram a importância de utilizar todos os instrumentos disponíveis para cumprir os compromissos climáticos, enfatizando que os biocréditos podem ser uma peça integral dessa estratégia. A conclusão unânime entre os painelistas foi que o regime de Acesso e Repartição de Benefícios (ABS) não é suficiente, instigando a busca por soluções mais abrangentes e eficazes para a preservação ambiental.
Já no dia 09, A ICC Brasil e a Amcham-Brasil realizaram, no Pavilhão do Brasil, o painel “Práticas empresariais no Brasil e suas contribuições para as metas brasileiras”. O Secretário Rodrigo Rollemberg, Secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do MDIC, Maurício Rodrigues, CEO LATAM da BayerCropscience, Pedro Moraes Torres Pinto, Diretor Global de Comunicação e Relações Institucionais da Gerdau, e Daniel Godinho, Diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da WEG, compartilharam suas experiências e cases de sucesso. Com a moderação da Diretora-Executiva da ICC Brasil, Gabriella Dorlhiac, e do CEO da Amcham-Brasil, Abrao M. Arabe Neto, os paineilistas ressaltaram o papel essencial do setor privado brasileiro como um verdadeiro “exportador” de soluções sustentáveis para operações globais das empresas, com soluções inovadoras.
Ainda no dia 09, Gabriella Dorlhiac dividiu experiências com Aloisio Lopes P. de Melo, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Janaina Dallan, da Aliança Brasil NBS, Enric Arderiu Serra, da Mercuria e Utkarsh Agarwal da bp no painel “Sinergias entre instrumentos do mercado de carbono: como o Brasil pode melhor usar os mercados em benefício do clima, da natureza e das pessoas”.
Na sessão, organizada pela IETA e moderada por Pedro Venzon, Gabriella destacou potencial do mercado de carbono no Brasil, os possíveis resultados do estabelecimento de um ETS nacional e de mecanismos de ajuste de carbono na fronteira como o hashtag#CBAM europeu. Ela ainda lembrou que os benefícios gerados por esse mercado só serão efetivos se o aspecto social for considerado e que a colaboração entre setor público e privado é essencial para uma transição justa a uma economia de baixo carbono.
Por fim, no dia 10 de dezembro, a ICC Brasil reuniu o Secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária, Roberto Serroni Perosa, Ana Carolina Carregaro, Luís Renato Bueno, Maurício Rodrigues, e Renata Amaral para debater o papel do agronegócio na agenda de clima e como as empresas como Nestlé, Suzano e Bayer estão avançando nesse tema. Foi destacado resultado positivo do Brasil na redução de 50% do desmatamento na Amazônia, além da intenção do governo de se dobrar a produção agrícola pelo projeto nacional de restauro de 40 milhões de hectares de terras degradadas para áreas produtivas em 10 anos.